Os libertários frequentemente consideram esses mecanismos como certos e se recusam a considerar de onde vêm. Por exemplo, você tem eletricidade e água potável em casa. Quando você vai ao banheiro e puxa a descarga, o esgoto vai para um sistema de esgoto enorme. Esse sistema é criado e mantido pelo Estado. Mas na mentalidade libertária, é fácil considerar como certo o fato de que você apenas usa o vaso sanitário, puxa a descarga e ninguém precisa mantê-lo. Mas, é claro, alguém precisa fazer isso.
Realmente não existe algo como um mercado livre perfeito. Além da competição, sempre precisa haver algum tipo de sistema de confiança. Certas coisas podem ser criadas com sucesso pela competição em um mercado livre, no entanto, há alguns serviços e necessidades que não podem ser sustentados apenas pela competição de mercado. A justiça é um exemplo.
Imagine um mercado livre perfeito. Suponha que eu entre em um contrato de negócios com você e quebre esse contrato. Então, vamos para o tribunal e pedimos ao juiz para tomar uma decisão. Mas e se eu tivesse subornado o juiz? De repente, você não poderia confiar no mercado livre. Você não toleraria que o juiz tomasse o lado da pessoa que pagou mais subornos. Se a justiça fosse negociada em um mercado livre completamente livre, a própria justiça entraria em colapso e as pessoas não confiariam mais umas nas outras. A confiança para honrar contratos e promessas desapareceria e não haveria nenhum sistema para aplicá-los.
Portanto, qualquer competição sempre requer alguma estrutura de confiança. No meu livro, eu uso o exemplo da Copa do Mundo de futebol. Você tem times de diferentes países competindo entre si, mas para que a competição aconteça, deve haver primeiro um acordo sobre um conjunto comum de regras. Se o Japão tivesse suas próprias regras e a Alemanha tivesse outro conjunto de regras, não haveria competição. Em outras palavras, até mesmo a competição requer uma base de confiança e acordo comum. Caso contrário, a própria ordem entrará em colapso.
