Nos últimos 15 anos, a tecnologia de reconhecimento facial tem se destacado no mercado, principalmente no setor de segurança pública. Baseada em algoritmos sofisticados e aprendizado de máquina, essa tecnologia promete aumentar a eficácia das investigações, mas também levanta questões sérias sobre precisão, privacidade e ética. O professor Fernando Osório, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da USP (ICMC-USP) e membro do Laboratório de Robótica Móvel, explana sobre os principais aspectos dessa tecnologia e seus impactos na sociedade.
O sistema de reconhecimento facial tem como objetivo identificar cada indivíduo de forma única através de suas características faciais. Existem diferentes tipos de sistemas, sendo o mais utilizado em segurança pública o reconhecimento um para N, que consiste em comparar uma imagem com um banco de dados para identificar a pessoa em questão. A tecnologia se baseia em atributos faciais como o formato do rosto, nariz, queixo, olhos, entre outros detalhes, analisados por algoritmos de aprendizado de máquina.
Apesar dos avanços, os sistemas de reconhecimento facial ainda apresentam limitações, não oferecendo uma certeza absoluta. Em situações extremas, como a determinação de prisão, é essencial aprimorar a tecnologia para evitar ações inadequadas contra o indivíduo. Além disso, a privacidade é uma preocupação central nessas discussões, visto que a coleta e o uso de dados biométricos sem consentimento podem infringir direitos fundamentais.
Para o professor Osório, é primordial integrar o uso da inteligência artificial com o discernimento humano, a fim de garantir uma utilização ética e equilibrada da tecnologia. Ele ressalta a importância de complementar um sistema de reconhecimento facial com outros dados e critérios, como comportamento, voz e documentos, para evitar erros graves e garantir uma tomada de decisão justa e adequada.