Arqueólogos descobriram pistas na Dinamarca que indicam que um desastre climático real, ocorrido há 1.500 anos, serviu de inspiração para a lenda do Ragnarök.
Na mitologia nórdica, o Ragnarök é uma sequência de eventos catastróficos e catástrofes ambientais que levam à destruição do mundo real (Midgard).
Em um estudo publicado recentemente, arqueólogos analisaram a conexão entre o mito do Ragnarök e um evento climático que afetou a população dinamarquesa em 540. Esse evento foi resultado de duas grandes erupções vulcânicas nas Américas, o que ocasionou uma queda nas temperaturas em todo o Hemisfério Norte.
Para investigar o impacto desse evento climático, os pesquisadores realizaram análises em troncos de carvalho. Ao examinar os padrões de crescimento dos anéis das árvores entre os anos 300 e 800, os arqueólogos encontraram evidências de erupções históricas cruzando essas informações com dados sobre núcleos de gelo da Groenlândia.
Os estudiosos observaram que houve uma diminuição no crescimento da árvore entre 539 e 541, indicando um evento severo de resfriamento global que afetou suas condições de crescimento. Além disso, notaram mudanças no uso da terra, indicando o abandono e reflorestamento de áreas de cultivo.
Essas descobertas apontam para uma redução na população e nos assentamentos na Dinamarca, evidenciando com isso como o evento climático transformou as sociedades em todos os aspectos, inclusive religiosos, originando assim o mito do Ragnarök.
Durante esse período, houve um aumento no número de artefatos enterrados na Dinamarca, o que sugere um crescimento de rituais de oferendas para mitigar o estrago do “Ragnarök real”.
O Museu Nacional da Dinamarca ressalta que as evidências desse evento climático real e suas consequências devastadoras foram a base para a criação do mito do Ragnarök. No entanto, os pesquisadores ainda não conseguiram identificar como as narrativas míticas se relacionam com o evento climático.
Historiadores têm opiniões divergentes sobre a datação da escrita do Ragnarök, sendo que a mais antiga apontada é do ano 940, 400 anos após o evento climático.
