Área no Norte de Minas Gerais no período mais seco dos últimos sete séculos

A análise da composição química de duas estalagmites encontradas na Caverna da Onça, no norte de Minas Gerais, indica que a região está passando por sua estação seca mais intensa dos últimos 720 anos. Isso foi possível através da análise de isótopos de oxigênio e carbono presentes nessas formações rochosas. Os pesquisadores compararam dados antigos das estalagmites com registros meteorológicos e climatológicos locais e observaram que, desde a década de 1970, a região tem enfrentado um aumento na aridez. A cada década, as chuvas totais diminuíram, a evapotranspiração aumentou e a vazão dos rios caiu. Além disso, a temperatura média local subiu consideravelmente nos últimos 250 anos.

O estudo aponta que o aumento da evaporação, relacionado ao aumento da temperatura, tem superado a capacidade de suprimento de água por meio da chuva na região. Os pesquisadores também simularam o clima local em um cenário sem aumento de gases de efeito estufa na atmosfera e concluíram que o déficit hídrico só pode ser explicado pelo aquecimento global, principalmente causado pelas ações humanas, como a queima de combustíveis fósseis.

A Caverna da Onça se mostrou um local ideal para essa pesquisa, por apresentar condições singulares e estar situada em uma área com registros meteorológicos antigos. Além disso, a caverna está protegida em uma Unidade de Conservação, o que minimiza as influências de atividades humanas no clima local. Os resultados obtidos destacam a importância de considerar não apenas as condições naturais, mas também os impactos das ações humanas globais, ao analisar os efeitos das mudanças climáticas em longo prazo em determinadas regiões.