Aquecimento global faz surgir primeira zona árida e expande clima semiárido e áreas secas no Brasil

No mês passado, diversos veículos de comunicação divulgaram a notícia de que, pela primeira vez, uma área com clima de deserto foi registrada no Brasil. Essa região encontra-se no vale submédio do rio São Francisco, na Bahia, próximo da divisa com Pernambuco, e tem um território quase quatro vezes maior que o da cidade de São Paulo. Apesar do exagero midiático, a mudança de status dessa área, que passou de semiárida para árida, é inédita no país. Sobretudo, a tendência de climas mais secos está se acentuando em grande parte do Brasil, excluindo apenas o Sul. A evapotranspiração está se intensificando devido ao aumento da temperatura causado pelo aquecimento global, o que vem contribuindo para a aridez em diversas regiões.

Os estudos realizados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) indicam que as áreas secas do Brasil estão se tornando mais secas, enquanto as úmidas estão se tornando menos úmidas. Essa tendência também afeta parte da Amazônia, onde o desmatamento e as mudanças climáticas têm contribuído para a secura do ambiente. A evaporação da água do solo e a transpiração das plantas são responsáveis pela maioria da aridez, mais do que a falta de chuvas.

A análise feita pelos pesquisadores calculou a evolução de um índice de aridez ao longo das últimas seis décadas baseado na relação entre chuva e evapotranspiração. Regiões com índices menores que 0,05 são consideradas hiperáridas, enquanto aquelas entre 0,05 e 0,2 são áridas, como é o caso das terras da Bahia e de Pernambuco. A região nordestina tem sido fortemente impactada por essas mudanças climáticas, com o avanço da aridez afetando diretamente a vida dos agricultores e da população local.

Além do Nordeste, outras regiões do Brasil também estão experimentando um aumento da aridez, como é o caso do Cerrado no centro-norte. Mudanças no padrão de chuvas e no regime de águas estão levando a secas mais severas e prolongadas, afetando a vegetação e a disponibilidade de recursos hídricos. O desmatamento da Amazônia também tem contribuído para a tendência de clima mais quente e seco em diversas partes do Brasil, afetando a precipitação em todo o país.

Diante disso, é essencial compreender o impacto das mudanças climáticas no Brasil e tomar medidas para mitigar os efeitos negativos desse avanço da aridez. A preservação da Amazônia, o monitoramento das áreas vulneráveis e a adoção de práticas sustentáveis são medidas fundamentais para lidar com essa nova realidade climática no país.