Alterações na urina de pessoas com autismo podem contribuir para diagnóstico aponta estudo do Butantan

Os testes detectaram mudanças nas quantidades dos aminoácidos arginina, glicina, leucina, treonina, ácido aspártico, alanina, histidina e tirosina na urina de crianças com autismo. A presença de níveis anormais de proteínas e aminoácidos pode estar relacionada a vários sintomas observados em indivíduos com Transtorno do Espectro Autista (TEA), de acordo com o estudo.

Durante a formação do feto ou no pós-natal, quando os receptores de neurotransmissores estão em desenvolvimento, um desequilíbrio de aminoácidos pode deixar o cérebro vulnerável à superestimulação. Além disso, a desregulação metabólica pode contribuir para o surgimento de comorbidades, como distúrbios gastrointestinais.

O desequilíbrio da microbiota intestinal, intimamente ligado ao metabolismo, é comum em pacientes com autismo, resultando em uma inflamação do sistema digestivo. Isso pode levar a uma intolerância a alimentos como derivados do leite e produtos com glúten.

O autismo é um quadro complexo e influenciado por diversos fatores. Portanto, o acompanhamento deve ser multidisciplinar, envolvendo terapias comportamentais, psicoterapia e nutrição, a fim de melhorar e controlar o transtorno.

É importante destacar que o autismo não é uma doença, mas sim um distúrbio do neurodesenvolvimento de origem genética, com manifestações que variam em gravidade e, portanto, não tem cura. Os pacientes podem ser classificados em diferentes níveis, dependendo do suporte necessário.

Devido à complexidade do diagnóstico e tratamento, várias abordagens estão sendo estudadas para ampliar o conhecimento sobre o TEA, como a construção de bancos de dados a partir de amostras de sangue e sequenciamento genético, a fim de identificar novos genes associados ao transtorno e biomarcadores para caracterizá-lo.

O uso de biomarcadores na urina apresenta a vantagem da facilidade de coleta, que pode ser realizada em casa pelos pais ou responsáveis, ao contrário da coleta de sangue, que é mais invasiva e exige um profissional especializado, sendo especialmente desafiadora no caso de crianças.

Com o avanço das tecnologias, o autismo tem sido diagnosticado cada vez mais cedo, permitindo complementar as formas de diagnóstico e acompanhamento clínico, conclui o pesquisador.