Os cortes da semana passada no USDS atingiram equipes como gestão de produtos, design e aquisição. Kamens e outras fontes disseram à WIRED que ele é a única pessoa da equipe de engenharia do USDS que foi demitida. Ele e outros especulam que ele foi alvo porque havia sido publicamente crítico ao DOGE nas semanas anteriores aos cortes do USDS. O DOGE não retornou a um pedido de comentário sobre sua remoção.
Embora todos os grandes sistemas de TI precisem ser protegidos contra ameaças de hackers, Kamens diz que os projetos mais urgentes em que estava trabalhando no VA envolviam conter os dados pessoais sensíveis dos veteranos para que pudessem ser armazenados apenas nas partes mais protegidas do sistema e implementar controles mais fortes para limitar quem poderia acessar que informações. Tanto compreender como os dados fluem através de um sistema quanto limitar o acesso para reduzir o risco de intrusões na rede e ameaças internas emergiram como prioridades de segurança-chave para qualquer organização.
“Minha maior preocupação que eu estava tentando abordar no meu tempo no VA estava relacionada aos dados pessoais de saúde e informações pessoais, PHI e PII, acabarem em lugares onde não deveriam estar”, diz Kamens. “E, na minha opinião, nosso controle de acesso, embora estivesse OK, não era tão forte quanto deveria ser, ou seja, eu não acho que tínhamos granularidade suficiente para controlar quem tinha acesso a quais dados.” Ele acrescenta que os projetos que ele estava liderando para abordar essas preocupações agora correm alto risco de emperrar.
Os impactos dos cortes no VA, bem como os cortes do USDS que também afetarão a agência de veteranos, ainda estão se tornando visíveis. Mas, além de potencialmente prejudicar iniciativas para melhorar a segurança digital, as reduções podem afetar a eficácia e confiabilidade das proteções digitais que estão atualmente em vigor.
A senadora Patty Murray, uma democrata de Washington e vice-presidente do Comitê de Alocações do Senado, organizou uma coletiva de imprensa virtual na quarta-feira com ex-servidores federais de seu estado que foram recentemente demitidos. Um deles, Raphael Garcia, é um veterano do Exército deficiente que trabalhava como analista de gestão para o VA.
“Coordenava o acesso ao sistema de TI para que cada membro da equipe tivesse as ferramentas corretas”, disse Garcia no evento. “Gerenciava controles críticos de conformidade e operacionais, mantendo uma comunicação constante com partes interessadas em todo o país.” Ele acrescentou que, embora sua demissão seja uma dificuldade pessoal, ela também é um “lembrete severo de que nosso governo federal está desmantelando seu sistema de apoio central para veteranos e comunidades vulneráveis.”
Por sua vez, Kamens, que passou sua carreira antes do USDS no setor privado, diz que veio a amar o trabalho no governo e será difícil encontrar outro emprego tão recompensador.
“Houve essas entrevistas que todos tivemos que fazer com as pessoas do DOGE no dia seguinte à posse”, diz ele. “Na minha, uma delas me pediu para descrever o que eu estava fazendo no VA e então disse algo como: ‘Se você está fazendo todo esse trabalho, por que não está trabalhando no setor privado, onde poderia estar ganhando o dobro?’. E eu disse, ‘Porque eu não me importo com o dinheiro. Eu me importo em servir aos veteranos.’
“Acho que o fato de alguém me fazer essa pergunta já é muito revelador.”
