Microplásticos Vindos Do Porto De Itajaí (SC) Chegam A Praias A 80 Km Em Até Dois Dias, Constata Estudo.

Um estudo recente identificou a rápida disseminação de microplásticos provenientes do porto de Itajaí, em Santa Catarina. Esses resíduos podem chegar às praias de Florianópolis, localizadas a cerca de 80 quilômetros ao sul, em até dois dias. As conclusões do estudo, publicado na revista científica “Marine Pollution Bulletin”, levantam preocupações sobre a gestão portuária em relação à perda de materiais transportados em contêineres.

Pesquisadores das universidades federais de Santa Catarina (UFSC) e do Espírito Santo (Ufes) e da Universidade de São Paulo (USP) investigaram a trajetória dos microplásticos primários, conhecidos como pellets, lançados dos portos de Itajaí e de Imbituba, no sul de Santa Catarina. Os pellets são pedaços de plástico com cerca de cinco milímetros utilizados como matéria-prima pela indústria para a fabricação de produtos maiores.

Durante um ano, a equipe realizou simulações mensais levando em consideração as condições de circulação oceânica que variam de acordo com os meses. O estudo baseia-se em um modelo de dispersão de partículas que considera fatores como temperatura, salinidade e fluxo da água para prever a movimentação dos pellets e os locais em que tendem a se acumular.

Ao calcular um índice de poluição que leva em conta o número de resíduos plásticos identificados por metro quadrado de superfície, os cientistas concluíram que as praias mais contaminadas por microplásticos são Moçambique e Brava, ao norte de Florianópolis.

A autora principal do estudo, a oceanógrafa Camila Kneubl Andreussi, destaca a confirmação de que os pellets que chegam a Florianópolis têm origem no porto de Itajaí. Ela ressalta a necessidade de monitoramento abrangente, não só das praias de Florianópolis, mas também de outras regiões afetadas pelos microplásticos.

Os pesquisadores apontam para a urgência de implementar medidas de controle e redução de perdas durante o manuseio e transporte de pellets. Alertam também para a importância de programas de cooperação entre municípios e autoridades regionais para ações coordenadas de monitoramento da poluição. A equipe planeja continuar investigando o impacto dos eventos extremos na dispersão de plásticos, bem como a sua presença em outras regiões.