Furacão Maria de 2017 Dizimou 75% da População de Beija-flor que Poliniza Flores no Caribe

Em 2017, o furacão Maria, que causou muitas mortes em Porto Rico, teve consequências graves para a biodiversidade em territórios próximos. Na ilha de Dominica, onde o ciclone se formou, os pesquisadores observaram a perda de três quartos da população de um importante polinizador, o beija-flor caribe-de-garganta-púrpura (Eulampis jugularis). Isso resultou em uma mudança no ciclo de reprodução das plantas, conforme relatado em um artigo publicado recentemente na revista científica “New Phytologist”.

O estudo fornece informações essenciais sobre o impacto de ciclones tropicais na biodiversidade do Caribe, apenas uma semana após o furacão Beryl atingir a região. Ele foi realizado por universidades estrangeiras em parceria com o Centro de Pesquisa em Biodiversidade e Mudanças Climáticas (CbioClima) da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Cerca de 20 anos antes do furacão, cientistas já estudavam o processo de polinização das flores naquela região. As fêmeas desse tipo de beija-flor eram as únicas polinizadoras de duas espécies de helicônias, flores típicas da região. No entanto, após o fenômeno de 2017, outras espécies também passaram a desempenhar esse papel, o que não era comum anteriormente. Quatro outras espécies de pássaros foram vistas visitando as flores estudadas após o furacão.

Os pesquisadores temiam que a planta pudesse ser extinta devido à relação restrita com o beija-flor. No entanto, a descoberta mostrou que o processo de extinção é mais complexo do que imaginavam. O ecólogo Fernando Gonçalves, da Universidade de Zurique, na Suíça, um dos autores do estudo, enfatizou que essas mudanças podem afetar a restauração de florestas que são essenciais para conter fenômenos naturais como furacões.

O impacto da diminuição da biodiversidade também pode afetar o turismo na região do Caribe, que atrai visitantes interessados em observar pássaros endêmicos e desfrutar da natureza. Gonçalves ressaltou que é importante monitorar outros fenômenos naturais na região para compreender suas consequências e avaliar os impactos sobre o comportamento evolutivo de outras espécies.