Saúde Pública: Um Tratamento Mais Breve Contra a Malária

Uma nova terapia, com apenas três dias de duração, mostrou-se tão eficaz no controle da malária causada pelo protozoário Plasmodium vivax e na prevenção do reaparecimento de parasitas no sangue quanto o tratamento convencional adotado no Sistema Único de Saúde (SUS), que requer o uso de medicamentos por no mínimo sete dias. Além disso, a estratégia mais curta aumentou o tempo sem sintomas, tanto em casos de reativação de parasitas dormentes no organismo quanto em novas infecções, de acordo com um estudo publicado em março na revista médica The Lancet Infectious Diseases.

Pesquisadores da Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), no Amazonas, acompanharam a saúde de 5.554 moradores de Manaus (AM) e Porto Velho (RO) ao longo de um ano, diagnosticados com malária por P. vivax entre setembro de 2021 e agosto de 2022. No Brasil, 84% dos casos de malária são causados por P. vivax, principalmente em áreas rurais da Amazônia, territórios indígenas e garimpos.

O tratamento tradicional para malária por P. vivax consiste na combinação de cloroquina por três dias e primaquina por pelo menos sete dias. No entanto, a adesão ao tratamento mais longo com primaquina é um desafio, especialmente em áreas remotas, onde 99% dos casos de malária no Brasil acontecem. Para melhorar a terapia, o Ministério da Saúde propôs um novo protocolo em 2021, substituindo a primaquina pela tafenoquina em casos adequados – uma alternativa mais simples e eficaz que foi incorporada ao SUS em junho de 2023.

Um estudo realizado em Manaus e Porto Velho comparou a eficácia da tafenoquina com a primaquina e constatou que a primeira aumentou significativamente o tempo sem sintomas, além de ter resultados semelhantes no controle da malária. Isso pode ser fundamental para a recuperação dos pacientes, uma vez que a anemia decorrente da malária por P. vivax se aprofunda a cada episódio da doença.

Apesar dos benefícios da tafenoquina, é importante avaliar o custo-benefício e considerar questões logísticas antes de sua adoção generalizada. O tratamento com tafenoquina, incluindo o teste de G6PD, custa cerca de R$ 46, enquanto a terapia convencional com primaquina e cloroquina sai por aproximadamente R$ 26. A implementação da tafenoquina no SUS já começou e deve fazer parte de um novo guia de tratamento a ser lançado em breve.