Área No Norte De Minas Gerais Está No Período Mais Seco Dos Últimos Sete Séculos.

A análise química de duas formações rochosas compridas e arredondadas (estalagmites) encontradas no piso da Caverna da Onça, no vale do Peruaçu, sugere que o norte de Minas Gerais está passando pela sua época mais seca dos últimos 720 anos. Um estudo liderado por geólogos reconstruiu o clima passado da região através da análise de isótopos de oxigênio e carbono obtidos de amostras dessas estalagmites. A água que escorre do teto da caverna é rica em cálcio e carbonato, originando as formações rochosas.

A partir da proporção dos diferentes isótopos presentes nas rochas, é possível inferir parâmetros climáticos de centenas e até milhares de anos atrás, como volume de chuvas e evaporação. Os pesquisadores compararam os dados mais antigos com registros meteorológicos e concluíram que a área vem enfrentando um aumento da aridez desde os anos 1970. Entre 1979 e 2016, a cada década, as chuvas totais diminuíram, a evaporação aumentou e a vazão dos rios locais caiu. A temperatura média da região também aumentou nos últimos 250 anos.

O estudo publicado na revista científica Nature Communications indica que o aumento na aridez está diretamente relacionado ao aquecimento global, causado principalmente por atividades humanas, como queima de combustíveis fósseis e mudanças no uso da terra. A análise química das amostras da caverna reflete o clima externo da região sem grandes influências de atividades humanas locais.

A Caverna da Onça apresenta condições únicas e é pouco perturbada, estando situada em uma Unidade de Conservação federal. Isso permite coletar dados relevantes e analisar a influência do aquecimento global nas secas de longo prazo na região do norte de Minas Gerais.