Monitoramento mostra possível prever epidemias de chikungunya através de vigilância

Conhecido por causar epidemias em grande escala, o vírus do chikungunya também pode se manifestar de forma mais discreta. Um estudo realizado por pesquisadores da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto revelou que o vírus circulou pela cidade de maneira silenciosa ao longo dos anos, inicialmente causando poucos casos da doença e aumentando gradativamente o número de infecções. Essa descoberta destaca a importância da vigilância epidemiológica para prevenir potenciais epidemias.

O estudo monitorou 341 moradores do bairro Vila Toninho, em São José do Rio Preto, por quatro anos, entre 2015 e 2019. Os pesquisadores analisaram amostras de sangue para detectar infecções por dengue, zika e chikungunya, além de utilizarem dados sobre a presença do vírus em mosquitos na cidade.

Embora apenas 41 casos de chikungunya tenham sido confirmados oficialmente entre 2015 e 2019, a soroprevalência da infecção aumentou de 0,35% para 2,3% ao longo desse período. Além disso, durante um surto de dengue em 2019, 4,4% das amostras de sangue analisadas estavam infectadas com chikungunya e 8,6% tinham sido expostas ao vírus em algum momento.

Os pesquisadores destacaram a subnotificação da doença devido à semelhança dos sintomas com os da dengue. A febre aguda e as dores articulares são comuns em ambas, mas a chikungunya pode levar a uma artrite intensa e debilitante que dura meses ou anos.

Desde sua introdução no continente americano em 2013, o chikungunya tem causado impacto na região, com mais de 900 mil casos confirmados no Brasil até 2020. A circulação do vírus no país demonstra a importância da vigilância epidemiológica e dos estudos genômicos para prever e controlar futuras epidemias.