A utilização de drones no mapeamento da pesca artesanal é uma alternativa promissora para o monitoramento de conflitos territoriais nas áreas em que a atividade ocorre. A técnica também contribui para a vigilância da origem do pescado, o que pode trazer mais segurança para os consumidores. A pesquisa realizada por pesquisadores da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) mapeou áreas de pesca utilizadas por comunidades tradicionais do município de Itaguaí, no sul do estado do Rio de Janeiro, e identificou zoneamento urbano residencial e industrial. A indústria de minérios é a principal atividade a ocupar territórios dessas comunidades no município, o que pode ser monitorado através do uso de drones para entender a extensão do impacto dessas empresas.
A área de estudo abrange quatro localidades situadas na Baía de Sepetiba: Ilha da Madeira, Vila Geny, Coroa Grande e Ponte Preta. O mapeamento aéreo foi realizado utilizando aeronaves remotamente pilotadas Phantom 3 Professional. Cada área de pesca mapeada passou por um processo de processamento de software para obter informações como elevação da superfície, resultando em um mapa fotográfico denominado ortomosaico.
A presença de empresas mineradoras próxima às áreas de pesca afeta tanto a segurança do pescado como a dos pescadores, podendo levar a conflitos violentos que comprometem a atividade pesqueira. O monitoramento por drone permite rastrear o pescado capturado e garantir a origem legal dos produtos, proporcionando segurança sanitária aos consumidores.
Além disso, as embarcações não regulamentadas que utilizam a região para a pesca industrial prejudicam o ambiente e a subsistência dos pescadores das comunidades. O uso de drones também pode ser uma alternativa para fiscalizar essas embarcações, contribuindo para a sustentabilidade da pesca artesanal.
No entanto, o estudo ressalta as limitações relacionadas à aquisição de equipamentos, custos de operacionalização e processamento de dados complexos. A falta de compartilhamento de dados entre as autoridades de gestão pesqueira governamentais e não governamentais, juntamente com a escassez de pessoas treinadas para utilizar essas ferramentas, são barreiras para a popularização do monitoramento por drone. É necessário haver vontade política para garantir um monitoramento efetivo considerando os diversos interesses presentes na região.