O Google está abandonando sua VPN (ou rede virtual privada) do Google One, o serviço de armazenamento em nuvem pago da empresa. A gigante da tecnologia abandonou sua ferramenta de privacidade porque “as pessoas simplesmente não estavam usando”, afirmou a empresa em comunicado ao Quartz, e está se concentrando em “recursos mais solicitados” – implicando, é claro, em AI.
As VPNs criptografam a atividade online dos usuários da internet, dando a eles uma maneira segura de navegar na web e tornando mais difícil para os provedores de serviços de internet venderem seus dados para o maior lance. Enquanto as VPNs tradicionalmente eram usadas para as pessoas acessarem sites ou mídias que não estão disponíveis em seu país, elas se tornaram cada vez mais importantes à medida que as pessoas ficam mais preocupadas com sua privacidade online.
À medida que a VPN do Google é descontinuada no Google One para usuários de iPhone e computador, os smartphones Pixel 7 e Pixel 8 da Google ainda terão acesso a uma VPN fornecida pela empresa, e a empresa observou que existem muitos serviços de VPN disponíveis em sua Play Store.
Abandonar sua VPN no Google One faz parte da ampla mudança da empresa para tudo relacionado à AI. Em sua conferência anual Google Next em Las Vegas nesta semana, a gigante da tecnologia anunciou uma série de novas ofertas de AI, incluindo um gerador de imagens ao vivo, editor de vídeo e novos recursos para seu chatbot Gemini. O Google está tomando medidas para implementar segurança de dados e recursos de privacidade em suas ferramentas de AI, lançando nesta semana um novo complemento de segurança de AI.
A VPN do Google está indo para o que foi apelidado de cemitério do Google, um terreno de produtos do Google já falecidos que foram descontinuados enquanto a empresa investe em software e hardware de AI. Entre outros, o sistema de pagamentos digitais Google Pay, recurso de cache do Google e 17 ferramentas do Google Assistant estão em túmulos ao lado do terreno agora ocupado pela VPN.
A notícia da VPN é irônica, pois ocorre apenas uma semana após o Google resolver um escândalo de privacidade relacionado ao seu modo de navegação anônima no Chrome. A empresa foi acusada de enganar os clientes ao fazer com que a função de navegação privada, ou modo incógnito, de seu navegador da web fosse, na verdade, privada e que seus dados não estivessem sendo rastreados pelo Google. Mas o Google estava, de fato, coletando dados dos usuários, utilizando-os para medir o tráfego da web e vender anúncios.
O Google concordou na semana passada em excluir “bilhões de registros de dados” associados ao histórico de navegação privada (ou assim pensavam os usuários), resolvendo uma ação coletiva de 2020.
