Um estudo recente realizado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) investigou a influência do ambiente alimentar nas escolhas dos moradores de favelas no Brasil. A pesquisa apontou que os moradores enfrentam desafios significativos para ter acesso a alimentos saudáveis, devido à falta de informação sobre alimentação adequada, restrições financeiras e poucos estabelecimentos que oferecem produtos saudáveis a preços acessíveis.
As autoras do estudo realizaram grupos focais online com moradores de favelas de diferentes cidades do país. Foi observado que a maioria dos participantes enfrenta dificuldades para adotar uma dieta nutritiva, devido à falta de acesso físico e financeiro a alimentos saudáveis, além da presença intensiva de produtos ultraprocessados. O transporte entre casa, trabalho e estudo também limita o tempo para comprar e preparar alimentos.
De acordo com a pesquisadora Luana Lara Rocha, os moradores expressaram o desejo de incluir verduras, legumes, frutas, carnes, arroz e feijão em sua alimentação diária, mas os preços elevados desses alimentos representam um obstáculo. A falta de tempo também é apontada como uma barreira para diversificar a alimentação e preparar refeições de melhor qualidade.
A realização de estudos específicos para comunidades é essencial para compreender suas necessidades. Aproximadamente 16 milhões de brasileiros vivem em favelas, o que corresponde a 7,4% da população do país. Conhecer essas particularidades auxilia na elaboração de políticas públicas e programas que incentivem o acesso a alimentos saudáveis a preços acessíveis.
Os pesquisadores desenvolveram um instrumento para avaliar a percepção do acesso aos alimentos em favelas e planejam realizar pesquisas de campo para coletar informações sobre o ambiente alimentar, segurança alimentar, estado nutricional das crianças e apresentar aos gestores responsáveis pelas políticas públicas relacionadas à alimentação e nutrição.