Desde o final de abril, regiões do Brasil estão sofrendo eventos climáticos extremos e opostos entre si. Enquanto o Sul, especialmente o Rio Grande do Sul, está enfrentando níveis muito altos de chuva e a consequente inundação de mais de 300 municípios, as regiões Sudeste e Centro-Oeste estão passando por uma longa onda de calor que está reduzindo a umidade relativa do ar. Especialistas apontam que um mesmo fenômeno climático, o bloqueio atmosférico persistente, está por trás desses dois problemas.
O bloqueio atmosférico persistente consiste em um sistema de alta pressão que se forma na troposfera, a camada inferior da atmosfera terrestre, fazendo com que o ar se mova de cima para baixo, impedindo o avanço da umidade. Isso resulta na ausência de formação de nuvens e, consequentemente, de chuva.
Nos estados do Sudeste e Centro-Oeste, o bloqueio atmosférico está causando uma onda de calor que se estende até pelo menos o dia 10 de maio. Esse fenômeno elevou as temperaturas, mesmo no outono, estação normalmente mais amena. Por exemplo, a cidade de São Paulo registrou 32°C, estabelecendo um novo recorde de temperatura máxima para um dia de maio dos últimos 81 anos.
Enquanto isso, no Sul, as chuvas ficam concentradas na região devido ao bloqueio atmosférico, sem conseguir se deslocar para outros estados. Esse bloqueio atmosférico é gerado pela circulação de ar nas latitudes médias, quando há uma interrupção nos Jatos de Altos Níveis, ventos fortes que desempenham papel crucial no transporte de frentes frias, ciclones e anticiclones.
Os bloqueios atmosféricos são mais frequentes na América do Sul durante os meses de outono, inverno e primavera, geralmente originados por ondas planetárias nas correntes de fluidos globais. Embora o bloqueio atmosférico persistente seja a causa da onda de calor e das inundações no Brasil, cientistas ressaltam que as mudanças climáticas têm contribuído para intensificar e aumentar a frequência de eventos climáticos extremos.
Os próximos dias devem manter o padrão de calor e baixa umidade em algumas regiões, com previsão de prolongamento da situação até 14 de maio. A Climatempo alerta para a baixa umidade do ar em diversos estados, além de prever a chegada de um ciclone extratropical que trará chuvas volumosas para algumas áreas do Sul, exigindo atenção da população para possíveis riscos.