Café Mais Caro: Mudanças Climáticas Afetam o Preço da Bebida

À medida que o clima quente e seco se normaliza nos principais países produtores de café, os preços globais do grão estão aumentando. As mudanças climáticas estão causando preocupações com a escassez. Tanto os grãos mais baratos quanto os grãos arábica, de alta qualidade, tiveram um aumento significativo desde o início do ano. De acordo com o jornal Financial Times, neste ano, o café atingiu o preço mais alto desde setembro de 2022.

O impacto das mudanças climáticas nas futuras safras de café está tornando a bebida cada vez mais cara. Atualmente, os estoques globais do grão estão baixos, o que aumenta a volatilidade do mercado e a especulação, levando ao aumento de preços.

Diante de um cenário de redução na oferta e possíveis perdas futuras, o valor do café pode continuar subindo. No Vietnã, segundo maior produtor do grão, os preços de entrega em maio atingiram máximas de US$ 3.849 por tonelada.

O Brasil é o maior produtor de café do mundo, sendo responsável por cerca de 40% da produção global. Mesmo com o crescimento na produção de café em 2023 em comparação aos anos anteriores, as projeções indicam que as lavouras de café brasileiro serão severamente impactadas em relação a outros produtores globais.

As projeções feitas pela plataforma Gro Intelligence indicam que a floração do café no Brasil, que ocorre entre setembro e outubro, será afetada pelo aumento da temperatura e diminuição da chuva até meados deste século. Essas condições climáticas adversas podem reduzir os rendimentos das plantações.

Estudos mostram que a exposição a temperaturas acima de 30°C pode afetar a qualidade do grão de café. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas estima que os rendimentos mundiais de café podem diminuir consideravelmente até 2050 devido ao impacto do clima.

Diante do cenário de clima instável, com secas, enchentes e altas temperaturas, há o risco de que as frutas do café se transformem em grãos vazios. O desafio enfrentado pelos produtores diante dessas condições climáticas é grande, como o relato do produtor José Oscar Ferreira Cintra exemplifica.

A região Sudeste do Brasil, especialmente o estado de Minas Gerais, lidera a produção de café no país. Entretanto, a região tem enfrentado os efeitos das mudanças climáticas, que têm intensificado e tornado mais frequentes os eventos climáticos extremos.

Com as altas temperaturas e a redução das chuvas, o Sudeste, em particular Minas Gerais, tem passado por períodos fora da média climatológica. As exportações de café brasileiro diminuíram em 2024 em comparação ao ano anterior devido aos desafios enfrentados pelo setor.

Para lidar com os desafios impostos pelas mudanças climáticas, o uso de técnicas de irrigação e o plantio de árvores grandes entre as plantações surgem como estratégias importantes. A região brasileira de produção de café é diversa, e cada uma delas precisa de abordagens específicas para enfrentar as mudanças climáticas e garantir a qualidade e sustentabilidade da produção.