Crianças e adolescentes que passam mais tempo à noite utilizando celulares, videogames e televisão costumam consumir menos alimentos saudáveis durante as refeições noturnas. Em vez de frutas, verduras e legumes, a dieta desses jovens acaba sendo composta por alimentos ultraprocessados, ricos em açúcares e gorduras, como doces, hambúrgueres e pizzas. Essa é a conclusão de um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e publicado na “Revista de Nutrição”.
A pesquisa apontou que aqueles que utilizam até um dispositivo costumam consumir menos frutas, verduras e legumes. Já o uso de dois dispositivos está relacionado a uma maior ingestão de doces, enquanto o uso de três ou mais dispositivos está associado ao consumo de mais alimentos ultraprocessados e lanches.
O estudo envolveu 1.396 estudantes com idade entre 7 e 14 anos, de 19 escolas públicas e 11 instituições particulares em diferentes regiões de Florianópolis (SC). As informações sobre os hábitos alimentares foram coletadas através de um questionário aplicado virtualmente entre novembro de 2018 e dezembro de 2019, como parte do Estudo da Prevalência da Obesidade em Crianças e Adolescentes de Florianópolis.
Desde 2002, este estudo acompanha a evolução do sobrepeso e da obesidade entre crianças e adolescentes na capital catarinense. Edições anteriores mostraram um aumento desses índices, que passaram de 30% em 2002 para quase 34% na última pesquisa.
O uso de telas se destaca como um fator que influencia no ganho de peso e pode ser modificado. A pesquisadora Patricia Hinnig, da UFSC, ressalta a importância de orientar sobre o uso de telas e promover uma alimentação saudável, destacando a necessidade de ações tanto nas escolas quanto juntamente com as famílias, visando a promoção da saúde.
A próxima edição do estudo sobre obesidade em crianças e adolescentes de Florianópolis está prevista para 2025 e será a primeira desde a pandemia de Covid-19. Isso possibilitará avaliar o comportamento da obesidade nesse público após a pandemia, com dados sobre consumo alimentar, atividade física e uso de telas, permitindo analisar as tendências ao longo do tempo.