A empresa Acelen, controlada pelo fundo árabe Mubadala Capital, está planejando investir pelo menos R$ 12 bilhões para transformar uma planta no Brasil em combustível. A companhia adquiriu da Petrobras a Refinaria de Mataripe em Camaçari (BA) e possui planos ambiciosos para expandir seus investimentos no país.
O objetivo da empresa é utilizar o fruto da palmeira nativa brasileira Macaúba para produzir 1 bilhão de litros de diesel verde e combustível sustentável de aviação por ano. A previsão é tomar a decisão final sobre o investimento no primeiro semestre do ano que vem.
Está sendo planejada a construção de uma biorrefinaria na mesma área onde se localiza a refinaria de Mataripe. O projeto também envolve o plantio da palmeira em 200 mil hectares de áreas degradadas na Bahia e no norte de Minas Gerais.
A Macaúba é uma palmeira nativa com diversas aplicações, porém ainda pouco explorada comercialmente. Especialistas acreditam que ela pode ser fundamental para o Brasil incrementar a produção de biodiesel sem a necessidade de expandir áreas ou competir com culturas destinadas à alimentação, como a soja.
Com uma produção cinco vezes maior de óleo em comparação à soja, a Macaúba tem o potencial de contribuir para a recuperação de pastagens e áreas degradadas, sendo uma alternativa para aumentar a lucratividade em fazendas pecuárias.
Considerando uma demanda de 11,5 bilhões de litros de biodiesel em 2030, seria necessário 11 milhões de hectares de soja para atender o mercado brasileiro, o que representa cerca de dez vezes a área atual. No entanto, com a Macaúba, a área necessária seria 81,8% menor, totalizando “apenas” 2 milhões de hectares.
Além de biodiesel e bioquerosene, é possível produzir tortas e rações de alta qualidade para alimentação animal, bem como produtos farmacêuticos, alimentícios e cosméticos. Dessa maneira, a Macaúba pode contribuir para introduzir a agroindústria em regiões com economia pouco dinâmica e altos índices de pobreza, gerando renda e empregos.