Fóssil De Réptil De 202 Milhões De Anos É Maior Que Uma Baleia-Azul

Foi um dia normal para Justin e Ruby Reynolds. Em meados de 2020, pai e filha foram à praia Blue Anchor, em Somerset, no Reino Unido, em busca de fósseis. A menina, com apenas 11 anos na época, descobriu partes de uma mandíbula gigante, com mais de dois metros de comprimento, que se revelou um fóssil de réptil.

Quatro anos antes, o pesquisador Paul de la Salle, da Universidade de Bristol, havia encontrado um fóssil de réptil semelhante na costa de Lilstock. Com base nesse achado e na nova descoberta da família Reynolds, o especialista em ictiossauros Dean Lomax, da Universidade de Manchester, conectou as informações.

Os quatro saíram em busca de mais pedaços do osso gigante, e somente em outubro de 2022 a missão foi concluída. Agora, em um estudo publicado na revista PLOS ONE, os pesquisadores descrevem a nova espécie identificada a partir dos dois fósseis.

Segundo a pesquisa, trata-se de um ictiossauro gigante, um tipo de réptil marinho pré-histórico. Seus restos ósseos em breve serão exibidos no Bristol Museum and Art Gallery.

A equipe nomeou o novo gênero e espécie de Ichthyotitan severnensis, que significa “lagarto-peixe gigante do Severn”. Com base nas análises dos ossos, o fóssil do réptil tem cerca de 202 milhões de anos.

Isso indica que ele existiu no final do Período Triássico, especificamente durante o Retiano. Enquanto os dinossauros dominavam a terra, os ictiossauros gigantes nadavam nos mares.

Essas duas mandíbulas são as únicas conhecidas pela ciência desse período. Antes, as últimas evidências de ictiossauros gigantes eram de parentes geológicos, como Shonisaurus sikanniensis, do Canadá, e Himalayasaurus tibetensis, da China. No geral, viveram cerca de 13 milhões de anos antes da nova espécie.

De acordo com o estudo, os ossos dos ictiossauros mais recentes podem revelar o último capítulo desses gigantes, já que houve um evento de extinção em massa no final do Triássico.

A análise dos fósseis estimou que o Ichthyotitan severnensis tinha cerca de 25 metros de comprimento, ligeiramente maior que uma baleia-azul. Além disso, os exames das estruturas internas dos ossos indicaram que o animal estava crescendo no momento da morte, sugerindo que a espécie poderia ter representantes ainda maiores.

Segundo Marcello Perillo, da Universidade de Bonn, Alemanha, que fez análises adicionais nos ossos, isso sugere que os ictiossauros tinham características genéticas desconhecidas que permitiam ultrapassar os limites conhecidos dos vertebrados. Ainda há muito mistério em torno desses gigantes, mas a cada fóssil descoberto, conseguimos desvendar um pouco mais de seu segredo.