Zoologia: A Evolução Explosiva Das Serpentes

Quando se trata de fazer uma refeição, a cobra pode ou não dar um bote e abocanhar sua presa. Ela pode matá-la rapidamente injetando algum veneno que cause danos variados no organismo da vítima, como necrose e danos neurológicos extensos. Também pode asfixiar e engolir devagar uma refeição bem maior do que ela mesma. Pode se alimentar pendurada em galhos de árvores, debaixo d’água ou no solo, ou até mesmo cavar em busca de presas subterrâneas. A diversidade de modos de alimentação entre as espécies é enorme, assim como a extensão do cardápio. É surpreendente, ainda mais para um animal que não possui membros. “Imagine ir a uma churrascaria e pedir um pedaço de 30 quilos de carne e engolir apenas usando a boca, sem mastigar ou manipular”, compara o biólogo da Universidade de Brasília (UnB). Um artigo publicado na revista Science, em fevereiro, mostrou que essa alimentação prodigiosa é parte fundamental do sucesso desses animais: nenhum outro grupo consegue consumir alimentos tão variados, usando uma diversidade tão grande de estratégias.

A capacidade sensorial fora do comum das serpentes torna-as ainda mais distintas. Ao estender a língua para fora e para dentro da boca repetidamente, uma serpente consegue construir um mapa químico do seu entorno; algumas também percebem variações de temperatura. Sem mencionar a locomoção sem patas. Pelo uso único que fazem do ambiente, as serpentes habitam um nicho ecológico muito especializado que é exclusivo delas.

A diversificação das serpentes ocorreu de forma muito rápida, especialmente após a colisão de um asteroide com a Terra, por volta de 65 milhões de anos atrás, causando a extinção da maioria dos dinossauros. Esse rápido aumento no número de espécies não é completamente surpreendente e destaca o sucesso evolutivo das serpentes. Ainda há muitos enigmas a serem desvendados, principalmente em relação à origem desses animais. Estudos paleontológicos desempenharão um papel crucial nessa busca por respostas a questões ainda em aberto.