Faz um bom tempo que a ciência tem buscado os caminhos para alcançar a longevidade, ou seja, uma vida longa, saudável e feliz. Enquanto essa busca acontece, muitas pessoas conseguem alcançar esse estado. Qual será o segredo?
Questionar qual é o segredo pode ser uma armadilha, pois as pessoas tendem a destacar comportamentos excepcionais, o que pode dar uma falsa impressão de causa e consequência. Por exemplo, há pessoas que vivem cem anos e acreditam que o segredo é beber uma taça de vinho todas as noites. Ou então, aqueles que fumam cigarros e estão completando mais de oito décadas de vida.
Em um artigo para o The Conversation, o pesquisador Bradley Elliot usou sua experiência em estudos sobre longevidade para explicar por que essas alegações são enganosas. Segundo ele, esse fenômeno é conhecido como viés de sobrevivência, introduzido ao considerar apenas aqueles que estão presentes para contar a história, ignorando aqueles que não “sobreviveram”.
Na ciência, os pesquisadores buscam evitar a confusão entre correlação e causalidade. Na correlação, há uma relação entre duas variáveis distintas, mas somente na causalidade, essa relação se estabelece a partir de uma variável gerando a outra.
Dessa forma, embora ter bons hábitos ao longo da vida esteja associado à longevidade e à saúde na velhice, não é possível afirmar que uma pessoa que segue todos esses requisitos viverá cem anos. Isso porque, de acordo com a ciência, não há relação de causalidade nessa equação, apenas uma correlação.
O mesmo vale para quando uma pessoa com muitas décadas de vida afirma que vive bem há tanto tempo porque bebe vinho todos os dias. Simplificadamente, não é verdade e não há correlação comprovada cientificamente. Conforme Elliot comenta, nosso cérebro muitas vezes identifica padrões entre variáveis e assume que estão conectadas de alguma forma, mesmo que não seja o caso.
O viés de sobrevivência está presente em diversos aspectos da sociedade, mostrando como a percepção pode ser influenciada por informações seletivas.
